terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Poema.....


Todo o fim de tarde caminho pela cidade
E onde antes havia um terreno cerrado
Hoje virou uma vilazinha de casas tortas
E barracos amontoados

Tudo dividido pela ordem de quem chega primeiro
E de quem teve a idéia

Homens brutalizados pela vida
Exercem as rústicas funções de eletricistas e de mestre de obras
Crianças brincam no jirau que em minutos estará virado em lama

Mulheres buchudas lavam roupas em tanques improvisados
Esticam o varal com o que sobrou dos fios de alta tensão

É ruim não ter onde dormir e passar frio
Até que chega o dia pra mendigar comida de casa em casa
e a escola dos meninos viram semáforos fechados

Onde antes era mato
hoje nasce os barracos
que eles chamam de casa

A luz sugada pelos pais de família
Que não baixam os olhos se acaso for chamado de ladrão
Tem filho pra dar de comer
Cigarro pra comprar
Tem uma mulher buchuda

Dignidade é coisa de doutor

As luzes se multiplicam na pequena vila
E eu sempre volto pra casa depois da caminhada

Pra ver nos jornais que essa gente já virou um transtorno pra cidade
A energia retirada de postes públicos
da pra abastecer uma cidade do tamanho de Ariquemes

Eu já não sei o que me incomoda
Se é essa noticia
Ou o comentário de um tio capitalista?

“essa gente é tudo vagabundo
pagamos a luz e eles ficam usando.”

Ele não sabe o quanto essa afirmação é absurda
Ia se comover se visse as casas os homens as crianças
e as mulheres buchudas.




ELIZEU BRAGA (AUTOR)

Um comentário:

  1. poema de um grande amigo...esse poema trata da realidade d porto velho capital de rondonia..
    uma imagem da av. guaporé rua do cemetron.
    :(

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